15 de abril de 2009

Ninguém durma! ninguém durma!
Tu também, ó princesa, na tua fria alcova olhas as
Estrelas que tremulam de amor e de esperança!
Mas o meu mistério está fechado comigo,
O meu nome ninguém saberá!
Não, não, sobre a tua boca o direi,
Quando a luz resplandescer!
E o meu beijo destruirá o silêncio que te faz minha!

O seu nome ninguém saberá ...
E nós deveremos, ai de nós, morrer!
Morrer!

Desvaneça, ó noite!
Desapareçam, estrelas!
Desapareçam, estrelas!
Pela manhã vencerei!
Vencerei! vencerei!

nessun dorma

Giácomo puccini

E mesmo que permanecesse, mesmo que quieta ficasse, ela no fundo sabia. Porque sempre soubera a cena final, o momento temido, aquilo que não havia como evitar. Porque era o destino, a sina, o mistério, o desfecho. E ela ficava quieta, muito quieta e sem olhar. Porque queria que assim não o fosse. Porque queria poder esquecer e, simplesmente, recomeçar.

Entretanto, sempre soubera - como tantas vezes tinha repetido a si mesma - que certas coisas não são evitáveis. Certas coisas pertencem a história antes mesmo que fosse história, antes mesmo que ela fosse ela, antes que o mundo fosse o mundo. Porque já vinha assim, era para ser assim. E não é que ela se recusasse a aceitar. Não que ela se rebelasse. Tampouco era que ela o queria. Sabia da dor, da angústia, do alívio, da sensação de paz, da escuridão. Era. Somente era. E nada dependia dela - e se repetia, repetia e repetia. Queria convencer-se, convencer aos que nada sabiam, avisá-los que, não, não havia culpados. Não havia motivos. Certas coisas simplesmente são. Simplesmente acontecem.

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