Daquilo que sou
Tenho uma vida bonitinha. Direitinha, não perfeitinha. Tenho o que quero ter e tenho plena consciência das minhas escolhas. Gosto do que faço - na medida do possível. Mas acho que quem diz que ama o que faz e que nunca tem problemas é absurdamente mentiroso. Porém... sempre me parece que falta algo. Não sei definir. Não sei de onde vem. Mas sempre falta. A sensação é que a plenitude está ali, pode ser quase tocada. Quase conquistada. Me parece que vivo nesse limiar do quase. E pensa que é fácil? Pois depois ainda se complica mais. Porque junta a essa sensação do QUASE as conjecturas do SE - o que é deveras pior, visto que se o QUASE, quem sabe, um dia se supera, o SE traz consigo a certeza de que o passado nunca poderá ser alterado. E pronto. Mais insatisfação toma conta de mim e eu quero suplantá-la das formas mais terríveis possíveis. E é aí que o barraco desaba. Porque nunca se tem a perfeição e eu sei disso. Mas ao fazer tudo ao contrário...