Dessas coisas que acontecem de repente...
[Ninguém é inofensivo] Parou frente ao espelho. Não séria, apenas ela. Ela que vinha correndo, pensando no que tinha que fazer e repetindo como um mantra o que não devia fazer, que sabia muito bem qual seria o próximo passo mas que vivia se esquecendo de fazer telefonemas, ela que perdia o fôlego mas disfarçava deveras bem... e , de repente, estava lá o espelho. De onde saíra? O que queria? O que indagava? Era um dia calmo, tranquilo e ensolarado. Meio da semana quase. Compras de supermercado atrasadas. Contas para pagar atrasadas. Muitos compromissos postergados. E agora, o que se queria realmente? Sabia mesmo o que devia e o que não devia fazer? Sabia realmente por que corria tanto? E apareceu o espelho. No qual ela quase trombou. E lhe olhava e lhe questionava. Por milésimos de segundos viu que ele lhe sorria. Mas como poderia ser? Que estranha sensação de ser e não ser ao mesmo tempo. Como queria simplesmente que nada acontecesse... E foi aí que viu. Foi aí que entendeu. Foi aí que...