Cuidados Paliativos

... e depois ainda tem a desfaçatez de se perguntar "como fiz isso?". Ou quase que negar "não, eu não fiz isso! Foi alguma entidade que se apoderou do meu corpo". Mas não. Fizemos tal merda. Vai lá, dá a mão a palmatória e a cara pra apanhar. Pra ver se não repete a burrada aqui pra frente. Pois eu sou mestre em fazer burradas. Um horror mesmo. Acho que as persigo às vezes. Tenho dó da minha pessoa. Porque eu sei que é merda, eu não preciso fazer o que faço... e faço! Simples assim! Sei lá o porquê. Falta do que fazer mesmo. Estou aqui relembrando alguns percalços... E eu sou daquelas que sempre dizem "só me arrependo do que não fiz". Então... me arrependo de não ter seguido o meu extinto mais vezes e ter ficado quietinha no meu canto!

Às vezes eu tenho a sensação de que nada é o que realmente parece ser. Que tudo é, na bem da verdade, um sonho. Realidade virtual, talvez. Porque eu sei o que vai acontecer - como se as peças se movimentassem ao meu bel prazer. Soa prepotente? O caso é que por vezes o que eu tenho, me cansa. Não me basta. Isso pode não ser ruim todo o tempo, eu sei. Na verdade, quando não estamos satisfeitos, procuramos melhorar - pelo menos assim eu o faço. Entretanto, essa constante acaba me causando um estresse desnecessário. O caso é que eu quero mais, sempre mais. Nada me contenta, nada é suficiente e nada está bom. Nunca. Mesmo quando está tudo perfeitamente bem: há a sensação de que em breve algo sairá dos trilhos. Não consigo simplesmente desligar esse botão de "alerta". É assim mesmo. Estou sempre em alerta, prestando atenção ao que me cerca, tentando advinhar o que virá antes de fazer a curva. Não consigo simplesmente deixar na mão dos deuses e seguir adiante. Eu preciso conversar c...

Muita coisa, é bem verdade, me irrita. E acho que não é o verbo que quero conjugar no momento. Ou talvez seja. Porque me irrita realmente essa coisa de adoração pela imagem. Esse discurso de que se tem que ser bonita, gostosa, sarada e ter sex-appeal. Até quem diz que não liga pra essas coisas vive falando "fulana é gostosa", "sicrana tem maior corpão"... sem contar que tudo que é XY tá de olho na última playboy ou no último paparrazzo... é batata. O discurso existe... quando se quer pegar alguém que invariavelmente não corresponde a tais padrões, o discurso tá lá... porém não há discurso que seja mais forte que a realidade. Entretanto a hipocrisia não vem somente do lado masculino não... Porque vivo escutando mulheres que defendem a "beleza interior" como força libertadora, criticando celulites e pneuzinhos alheios. E é isso que me irrita. Se você não é magrela, se vc não se veste como a mulher da t.v., se o seu cabelo não é liso como o da atriz da novel...

...que me assustam. Me assustam muito. Como a mania de mentir compulsivamente. Não, eu não vou dizer que não minto. Claro que minto. E muito bem. Ao ponto de ninguém duvidar. Menti muito nos últimos anos pelos motivos mais diversos. Entretanto, o meu tipo de "mentira" não é esse pensado para destruir os outros. Ou fazê-los sofrer. Tampouco uso a desculpa da "mentira branca". Mentira é sempre mentira. Omissão é uma variação da mentira. Por pior que seja, a verdade é o que me interessa. Em todos os setores e momentos. Sei que sou difícil, que às vezes eu surto. Entretanto, o pós-surto é bem mais produtivo se eu tiver surtado por ter escutado a verdade... e não porque havia acreditado numa mentira. O que me assusta, na verdade, é que há gente que mente só pra "sair por cima", por achar que assim ninguém vai saber... e estará "vingado". Que coisa... triste... Porque quando sabemos a verdade, sabemos o que realmente fizemos, sabemos que seremos cobrad...