2 de novembro de 2011

Daquilo que me falta

Sou alguém que não guarda rancores. 
Se não guardo nem dinheiro o como o faria com rancores?

Mas tenho uma imaginação deveras fértil. Faço histórias inteiras, modifico finais e releio contextos. Mudo cenas, crio novos ângulos, altero falas.

Refaço vidas.
Refaço histórias.

Pois, não guardo rancores. Mas essas revisitações, essas releituras...Ah... Como me seria bom e interessante menos imaginação e mais pesares!

Porque chega um momento que não sei mais o que é verdadeiramente ficção e o que é verdade - misturo meus sentimentos com os que inventei, em cima de mentiras e suposições que me criei. São só criações, nada além disso. Só que... chega a um ponto que criação e criador se mesclam, se unem e... acá estou eu. 

Então, eu fico revendo cenas de quase 20 anos. E relembrando e querendo. Querendo o que não posso ter. Não, não há como pensar "ah, ainda há tempo". Não, não há. Eu sei disso, eu assumo isso. Tudo a seu tempo. Tudo a sua hora. Pois então, foi-se.

Meu mundo imaginário é tão perfeito, tão querido, tão meu... Como me dói ter que sair dele, ter que encarar certos aspectos da minha vida com os quais não concordo.

Daí escuto uma vozinha que diz "larga, tudo, você não precisa". Pois sim. Que eu não precise. Mas eu consigo criar formas de me prender, de fazer com que eu fique mais eu mais presa a algo que, aparentemente, não preciso.

Pois preciso.
E não, eu não posso querer coisas que já não me são minhas há tanto tempo.
Eu sei disso.
Racionalmente eu sei disso.

Mas a vontade de fugir, assumo, não é racional.

E fico assim, fico aqui. 
Nessa angústia que não me mata, é bem verdade, mas que me impede de viver.

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