Ela está cansada.

Cansada de tudo.
Da vida, em geral. Porque, olhando de fora, analisando os fatos, a balança não está tão equilibrada.

E eu queria, queria muito, pode dizer a ela que tudo vai passar, que as coisas vão se acalmar e que daqui a algum tempo vamos olhar para trás e vamos rir disso tudo.

Mas eu não consigo.
Simplesmente, não posso.

Porque ela está cansada das críticas, do nunca ser boa o suficiente, de sempre ter alguém querendo o seu bem... E com essa querência, empurrando-a mais e mais para baixo, fingindo que "tudo bem, ela não liga, ela aguenta". Mas ela liga e começa a acreditar que não aguenta. E ela não quer mais. Não quer mais dizer que está tudo bem, não quer mais ter que suportar pessoas que começam as frases com "Eu acho". Elas acham tudo, sobre tudo. Só que as mesmas não vêem o que realmente ocorre, não sabem o que acontece no apagar das luzes. Não entendem dos medos e demônios que sempre rondam por perto dela. E ela está cansada. Cansada de dizerem de "faz tempestade num copo d'água".

E eu só queria poder levá-la para longe, para muito longe disso tudo. Queria ter o poder de dar-lhe uma vida nova, novos sonhos, novo rumo. Que fosse tudo diferente, que ela visse que no fundo não é ela a errada.

Já lhe disse que defendo que só nos fazem o que deixamos que façam. E ela, eu sei, tenta se defender. Se isola. Se mantém como se vivesse depois da fronteira. Mas eles continuam falando, julgando, opinando.

E ela está absurdamente cansada de chorar sozinha, de viver sozinha, de se afogar sozinha. Me diz que eu não conto. Que estou no mesmo barco, que não posso ir contra a maré. Que eu conheço tudo de cabo a rabo, mas que, mesmo assim, o máximo que posso fazer é me afogar junto a ela.

Mas sei que sou eu que mantenho sua lucidez.

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