Estrelas vão fugindo entre os faróis e o mar

Neste azul, que azul

O nosso amor sumindo entre o partir, ficar

Entre o norte e o sul

Cruzando sobre os raios antenas de TV

Por que você me olha se você não me vê?

Sobre os oceanos em doces guerras frias

Não deixe anoitecer não deixe escurecer o nosso dia.


Ela não tinha mais muito tempo para ficar nessa historinha do que era ou deixava de ser. Não era mais hora de reavaliar, de reconsiderar ou de sequer imaginar o que faria ou deixaria de fazer. Passara muito tempo querendo ir além mas sem sair do lugar. Sabia o que tinha que fazer – porque sempre soubera. Porém, por vezes, lhe dava muita preguiça tentar livrar-se de si mesma. Cansara de pedir que ficasse quieta. Se cansava e tudo o que não queria era ser cansativa. Porque, no final das contas, ela só tinha a si mesma. E ninguém a conhecia tão bem. Por tanto, por que essa mania de negar? Por que essa eterna tentativa de fingir que não estava olhando quando sabia que já havia até decorado as cores?

Se conhecia muito bem. Bem demais. Além do que agüentava a natureza humana. Sabia que precisava da dor. Sabia que vivia por causa dela. E sabia que a dor só acabaria quando mexesse ao extremo – porque dores precisam atingir o seu ponto máximo. Tem que ser vivida na íntegra. Precisam ser vistas de vários ângulos, estudadas, revisitadas.

Obviamente os outros não imaginavam isso tudo ao vê-la. Porque o dia sempre estava muito bem. Porque ela sempre sorria. Porque ela só chorava quando estava sozinha.

Precisava.

Queria.

Implorava.

Desejava desesperadamente deixar a letargia, o estágio letárgico e se envolver na vida que todos acreditavam que ela tinha.

Porque ela podia ser quem quisesse. Mas finalmente tinha que ser ela mesma.

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