O que nomeamos de saudade.

Estranha palavra que só existe na Língua Portuguesa. Estranho sentimento que só a nossa língua resolveu nomear - se é que nomeia porque isso que se diz "saudade" é algo muito além do que achamos que compreendemos.

Por um tempo acreditei que só sentíamos saudades do que nos fez bem, do que nos foi agradável. Falso, muito falso.

Sentimos saudades de tudo.
Do que nos foi bom, é verdade. Mas sentimos saudades do que não vivemos, do que poderia ter sido, daquilo que foi por milésimos de segundos. E sentimos saudades até do que nos machucou - acredito que é porque temos sempre esse pensamento de que só os tempos antigos é que eram bons, eram os que valiam a pena. Coisa de quem fala a nossa língua, acredito também, pensamento coletivo criado pelos falantes da língua de Camões.

Escutei isso há pouco e me ficou martelando. Porque saudade não é bom, saudade nos machuca, saudade nos impede de crescer, de caminhar. É um rancor no peito, uma sensação de perda no alto do estômago e amargor na boca. É que passou e por isso fugiu ao nosso controle e portanto não podemos mais mudar. Saudade é mostrar ao ser humano - esse ser que se acha superior e quase deus - que ele é algo medíocre e que não é o Senhor do Seu Destino e de nada que não seja... Seja o que mesmo? O que é que comandamos no final das contas?

Somos isso.
Somos apenas isso.
Nada além do que sobra... depois que tudo o que não podíamos mais suportar partiu.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Daquilo que me falta

Daquilo que sou