Manifesto

Costumo dizer que há coisas que não entendemos e que para o bom andamento da história simplesmente aceitamos.

Claro e lógico que eu não sou dada a aceitações a troco de nada. Porque sou daquele tipo que procuro respostas para tudo - de perguntas filosofais às levantadas na novela das 8. Não aceito um "porque não", "porque sim", "porque acabou", "porque não te amo mais". Da mesma forma que não lido bem com pessoas medrosas. Ou com pessoas dissimuladas. Ou com aqueles que desistem fácil demais.

Talvez seja por isso que nunca me apaixonei perdidamente por ninguém nessa vida, nunca tive um hobby que fizesse com que eu esquecesse do resto do mundo ou nunca tive um grupo de rock que fizesse com que eu colasse posters nas paredes e teto do meu quarto enlouquecendo os meus pais.

Sempre fui o mais assustador tipo de garota: aquela que sabe o que quer e nada do que a cerca preenche os requisitos.

Então nada atiça mais o meu interesse do que certas paixões humanas, tal como essa coisa de "eu te amo porque te amo" e amanhã não te quero mais. Nada me faz querer analisar mais profundamente do que essa eterna busca pela "cara metade".

Escutei de uma amiga que não devemos buscar a nossa "cara metade". Nós somos inteiros, nós somos completos. Precisamos encontrar alguém que nos agregue, que nos seja novo. Se em nome de um suposto amor eu tenho que me violentar, então, que eu fique sozinha.

Acho que nunca havia escutado algo tão sábio. Vivemos uma época de extremo individualismo. O interessante é que ao mesmo tempo vemos pessoas desesperadas em encontrar alguém com quem dividir a vida, o amor, a cama, as contas, os problemas. Isso é demais para a minha cabeça. Talvez, porque eu seja absurdamente individualista. Talvez porque eu saiba que há certas coisas que jamais poderemos dividir, compartilhar.

Amor é algo complexo.
Amor não aparece do nada.
"Eu te amo" foi a maior mentira que já se inventou.

Que me desculpem os românticos de plantão, mas qualquer coisa que precisa ser anunciada aos 4 ventos, que necessita de propaganda para se manter, não pode ser verdadeira. Qualquer um que diga "eu te amo" com menos de 5 anos de relacionamento (ok, talvez um pouco menos) é uma declaração falsa. Certo. Você não precisa concordar comigo - ignorantes o que querem que todos concordem com o que dizem... - mas poderia pelo menos refletir sobre isso, não? Amor não é como "felicidade", isto é, "amor" não é momentâneo. Amor é eterno, amor não é passageiro. Se o for, é um engôdo.

Antes eu pensava que cair nas armadilhas do "eu te amo" era coisa tipicamente feminina. Mas não é. Homem é ser babaca e cai também. E muito. Na verdade, acho que é um gene humano defeituoso, que faz com que todo mundo vire uma porta ao escutar um "eu te amo". É da espécie humana ser enganada, creio.

Tá, eu admito.
Eu já menti muito.
Muita coisa em jogo.
E não dizem que mentiras brancas são necessárias?

Enfim.
Deixa eu resumir o manifesto (e não, eu não tenho nada contra o romantismo): Não acredite em tudo o que te dizem depois de uma trepada, não acreditem em tudo o que te dizem se você é o dono do cartão de crédito, não acredite em tudo o que te dizem se você viaja meio mundo para ir ver aquela pessoa.

O amor existe.
Óbvio que existe.
Se depois de 10 anos (não, não menos que isso) vc e aquela pessoa ainda se aturam ao acordar com bafo de mingau dos mortos e remela nos olhos e são capazes de desejar um "bom dia" sincero uma para a outra... Isso é amor, vai por mim.

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