.espelho.
Não que ela não soubesse. Não que ela se enganasse. Pelo contrário. Vivia em cima da verdade, conhecia muito bem o caminho, sabia muito bem que a queda estava para acontecer. E sabia que de nada adiantava ficar remoendo, remoendo e remoendo... Sempre repetia que quem vivia de passado era museu. Repetia com tanto afinco que era para se convencer. Convencer-se a seguir. A deixar certas agonias de lado. Convencer-se a deixar de mexer em certas feridas. O que era tão interessante é que só depois, depois da poeira ter abaixado, depois do rio ter secado, é que a dor lhe parecia tão interessante. Gostava da dor, gostava de revisitá-la. Não entendia muito bem. Talvez fosse, realmente, masoquista. Talvez quisesse, realmente, culpar-se. Porque assim doía.
Sempre me parecera que era deveras estranha, sinistra, muito na dela. Não que isso fosse um julgamento. Era somente uma impressão. Talvez não fosse assim 24h por dia. Talvez, em algum momento, deixasse de ser a dona do drama e fosse, simplesmente, ela. Talvez não se culpasse tanto naqueles instantes antes de dormir. Talvez, até, pensasse que no final das contas as coisas teriam solução.
Não sei, vai entender... As pessoas se prendem a algumas utopias mesmo...
O caso é que ao mesmo tempo que parecia ser tão fascinante, causava um pouco de medo. Porque vivia no extremo, porque estava sempre na beira do abismo. Porque pensava que podia voar e se esquecia do quão humana era.
... e tudo que eu queria, tudo o que eu de verdade queria, era esquecer, esquecer... Esquecer como certas coisas entram tão fundo na alma...
Sempre me parecera que era deveras estranha, sinistra, muito na dela. Não que isso fosse um julgamento. Era somente uma impressão. Talvez não fosse assim 24h por dia. Talvez, em algum momento, deixasse de ser a dona do drama e fosse, simplesmente, ela. Talvez não se culpasse tanto naqueles instantes antes de dormir. Talvez, até, pensasse que no final das contas as coisas teriam solução.
Não sei, vai entender... As pessoas se prendem a algumas utopias mesmo...
O caso é que ao mesmo tempo que parecia ser tão fascinante, causava um pouco de medo. Porque vivia no extremo, porque estava sempre na beira do abismo. Porque pensava que podia voar e se esquecia do quão humana era.
... e tudo que eu queria, tudo o que eu de verdade queria, era esquecer, esquecer... Esquecer como certas coisas entram tão fundo na alma...
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