[Coisas]

Já fui de falar muito. Muito sobre certas coisas. Coisas que hoje guardo só para mim. Porque dei de cara na porta muitas vezes. Parece-me que me falta essa pre-destinação a felicidade eterna. Então, quedo-me quieta para tentar mantê-la por mais tempo, porque acredito que sendo somente minha, ficará cristalizada.

Entretanto, a vida não é nada cristalizado.
A vida é algo que segue um rumo - não já escrito, porque acredito que ninguém além de nós podemos escrever o nosso futuro (menos ao que estamos pré-destinados - que não é tudo, mas podem ser esses pontos cruciais).

Estou vivendo um momento bom, é bem verdade.
Certas coisas que deveriam machucar não me machucam mais.
Incomoda, na verdade, o fato de que não me machuquem. Porque faz com que eu veja que vivi quase que uma ilusão, que eu me enganei, quase que me violentei para ter algo que eu sempre soube que não me fazia bem - porque eu presto atenção nos detalhes, e não gostava dos detalhes que eu via. Porque eu presto atenção na harmonia do conjunto e nunca vi muita harmonia.

Porém, nós somos o que já fomos. Nos baseamos nisso. Não há como mudar. Não há como pensar diferente. Não há como se enganar e pensar que em pouco tempo seremos exatamente o oposto do que somos agora. Transformações levam tempo, sobretudo se são profundas como as que ocorrem comigo. É bem verdade que sou um ser em eterna mudança, ebulição, transformação, descoberta. E acho muito bom isso. Não gosto da idéia de estagnação. Não me soa bem ser simplesmente mais um medíocre. Essa coisa de meio nunca me atraiu. E é isso.

O que eu quero dizer é que o medo que tenho no momento, esse medo de entrega, de abrir o coração, de falar com a boca o que o coração grita, nunca foi uma constante na minha vida. Depois de um tempo parece que eu aprendi que não é tudo que se fala. Ainda mais se as coisas realmente não estão consolidadas - o ruim é essa sensação de que jamais estarão. Não sei porque existe tal sentimento. Mas a verdade é que sempre me vejo como passageira, como algo que não se deve ser levado a sério, como um não era pra ser. Eu sei que não devo pensar assim. Eu sei que tal espírito de "derrota" não combina comigo. Mas também sei que é o medo que me faz ser assim. O medo de cair de novo, de me arrepender das promessas que fiz, de me arrepender de ter ido atrás. Sei que no fundo, no fundo nem eu mesma sei muito bem o que quero. Não posso cobrar de terceiros o que não tenho de mim mesma. Só que isso não diminui o meu medo. Nem um pouco. Acredito que no final das contas isso até o alimente. Isso e mais a falta de contato que ocorre, os olhares e silêncios que nos consomem. Eu sei, assumo. Pode ser loucura da minha cabeça. E é exatamente por isso que quis colocar aqui. Pra sair da minha cabeça. E me deixar em paz.

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